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segunda-feira, 21 de março de 2011

Bernard Cornwell, literatura para macho!

CUIDADO, SPOILERS! LEIA POR SUA PRÓPRIA CONTA E RISCO!

 Bernard Cornwell é um escritor inglês de imenso sucesso no mundo todo, inclusive no Brasil. Ele escreve ficção histórica, ou seja, ele pega um fato da história - principalmente guerras - e conta uma história ficcional a partir daquele fato. O livro que farei resenha agora foi escrito por ele, é o primeiro de uma trilogia - e os três livros são considerados os melhores que ele já escreveu -. O nome do livro é: O Rei Do Inverno, o primeiro livro das Crônicas De Arthur.
 Agora você deve estar se perguntando: "Arthur? O Rei Arthur? Desde quando Arthur é real?", mas acalme-se. Ele mesmo diz que não há provas concretas de que Arthur existiu, mas ele conta toda a história com uma imensidão de detalhes e ambienta a história na Britânia do século V, quando o reino estava sofrendo pelos ataques dos saxões e pelo cristianismo dominando os lugares. Ele ambienta a história com uma imensidão de detalhes e se retirar os personagens e a história, e pesquisar o nome dos lugares, você verá que a ambientação da história é real! (Espero que não tenha ficado confuso demais)

 As principais diferenças do Arthur de Cornwell e o resto é:

- Excalibur não foi retirada da pedra;

- Lancelot é um covarde filho da mãe;

- Arthur não é rei;

- A Tavola Redonda não "ecziste";

- E não tem aquela baboseira do Santo Graal.

 Acho que listei as principais diferenças, mas se você ler, verá que é bem mais que isso. Arhur, por exemplo, é um personagem humanizado, ele não é um grande herói que vence sempre apenas com a cara e a coragem.  Ele é um estrategista de guerra e perde, sim. Ele nem sempre faz o que é certo, como quando casa com Guinevere e rompe o noivado com Ceinwyn, filha de Gorfyddyd. O casamento acabaria com a guerra entre estes dois reinos, mas ele se casou com outra e Gorfyddyd não deixou barato, começou uma imensa guerra com Arthur.
 Outra coisa é interessante neste livro: as batalhas. Neste livro, os guerreiros não correm em direção ao exercito inimigo com a espada levantada e o peito protegido apenas pela armadura. As guerras aqui são feitas com uma parede de escudos e lanças, onde o objetivo é abrir a barreira inimiga com estocadas de lanças e entrar na barreira inimiga, e a partir daí o massacre e a vitória é 90% certa. E, apesar de parecer chato e entediante, isso faz das batalhas as partes mais legais dos livros.

 Derfel - leia-se Dervel - é o narrador e praticamente o protagonista. "Como assim?", você pergunta. Quero dizer que o leitor acompanha a jornada de Derfel, amigo e um dos melhores generais de Arthur, e isso realmente é interessante de se observar. "Ah, mas aí é chato! Eu quero saber de Arthur!", você diz. Mas saiba que isso deixa o livro melhor, pois se acompanhássemos Arthur, teriamos que  acompanhar muita coisa desnecessária ao enredo do livro. Com Derfel, a coisa é assim: menos papo e mais ação, durante as guerras. Se fossemos ler do ponto de vista de Arthur, leríamos vários parágrafos de discussão sobre estratégia de guerra, mas com Derfel nós sabemos da estratégia já definida e logo após começa o ataque. Apesar disso, não é só de batalhas que sobrevive o livro. Os dialógos estão ali por que são importantes para a trama, afinal se você não sabe o que os personagens falam, eles praticamente ficam sem carisma.
 Chegamos num ponto marcante deste livro: os personagens. Já falei de Derfel e Arthur, mas a outros personagens que simplesmente marcam muita presença no livro. Como Merlin! Você, se já leu Excalibur ou qualquer outro livro contando a história de Arthur, com certeza o conhece como um mago moda focka, mas ele não é mago, por que não existe magia! Ele é um druida - espécie de monge da religião celtica, mais informações aqui - e um personagem mais que marcante nesta narrativa maravilhosa de Cornwell. Sempre que ele aparece, ele marca presença, apesar de falar pouco.
 Nimue - leia-se Nimwai - é outro personagem muito legal. Ela é uma mulher druida e a melhor personagem feminina do livro, pois tem toda um jeito de "dane-se o mundo!", com certeza uma das minhas personagens favoritas do livro.

 Outra coisa a falar sobre as guerras e que é a prova de que o livro é pra macho. Cornwell representa a guerra como ela é, não uma coisa linda como soldados em armaduras brilhantes, os soldados são sujos e nojentos, sanguinários e muitos são estupradores. Sim, aqui os escravos são levados, e as mulheres são estupradas em pleno campo de batalha! Perdi a conta de quantas vezes li menções a estupros no livro. Ele não nos mostra uma guerra limpa e bonita; ele nos mostra uma guerra suja, nojenta e com soldados que não tem um mínimo código de honra - tanto que os estupros são totalmente ignorados durante o livro -.

 É isso, O Rei Do Inverno é o primeiro livro de ficção histórica que li e agora não consigo parar de pensar nas incríveis batalhas que part...ou, que Derfel participou no livro.

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